Zaira Belintani
Há que se trabalhar alma, corpo e mente, respirar fundo, ouvir a voz do coração.
Textos

O BAILE DAS FALENAS

Finalmente a eletricidade chegou ao Morro do Querosene. Reunida na sala, a família aplaudiu o momento em que o pai, segurando a lâmpada incandescente presa num fio que pendia do teto, torceu a chave. Imediatamente o recinto ficou iluminado como o dia!

De repente, uma nuvem de mariposas, dezenas delas, irrompeu-se da noite. As menores, cegas de luz, chocaram-se contra os objetos e caíram tontas no assoalho. As maiores voaram rápidas como sombras, sacudindo pó no ar. Pousaram nas paredes, exibindo nas asas abertas desenhos semelhantes a olhos. Ameaçadores. Assustadas, Isaura e Célia se esconderam debaixo da mesa.

O pai apagou a luz. A festa acabou.

– Amanhã, feche a janela antes! – sugeriu a mãe.

 

Publicado no livro MICROCONTOS, coletânea da Editora persona.

 

Zaira Belintani
Enviado por Zaira Belintani em 04/12/2022
Alterado em 19/06/2023
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