Zaira Belintani
Há que se trabalhar alma, corpo e mente, respirar fundo, ouvir a voz do coração.
Textos

BEBENDO AS HORAS

Enquanto a tarde passa, eu passo o tempo.

Contemplo a vida através de um copo. A branca espuma, o ouro.

Vejo as ondas acariciando a areia, o sol poente. Devaneio. O copo cheio – vazio – cheio.

Bebo as horas, os minutos. Trago os segundos. Na sombra da mente, sorvo lembranças.

Penso... Penso? Pensamento, sentimento, mente.

Anoitece — a noite tece estrelas e luas, descrevendo círculos no meu céu distante.

Instante verdade: vontade, vaidade, anseio — felicidade!

Vago sem rumo, sem prumo. Distraio, traio, subtraio — efemeridade!

A filosofia é minha arte!

Meus pés perseguem os meus passos. Já, a noite desmaia. Canto, encanto, desencanto.

A bruma se esvai. Ofuscante aurora fere-me os olhos... Opa!

— Apaguem a luz!

Estou só, no mar de areia. A lua se escondeu e nem era cheia!

Levou consigo o colar de estrelas. Belas, belas...

Ouço as ondas — ressaca — vejo a maré quebrando-se nas rochas, o sol nascente, a branca espuma, o ouro.

Minha utopia traça um dia sem memória do que ontem eu era e do que sou agora.

Agora, sem alarde, aonde vou, já vou tarde! Ou será que ainda é cedo?

 

Imagem: Arraial D'ajuda (Zaira Belintani)

 

Zaira Belintani
Enviado por Zaira Belintani em 29/05/2023
Alterado em 20/11/2024
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários