PONTOS E CONTRAPONTOS
De ponto em ponto, um contraponto.
Com linha e agulha eu alinhavo o tempo.
No entra e sai, o fio vai
colorindo a tela e o meu pensamento.
Do ponto cruz ao ponto corrente,
imagens se formam
no pano branco da mente.
Na mesma trama, no mesmo drama,
um ponto cheio e um ponto atrás.
Meu olhar abstrato arremata lembranças.
Meu coração recorta segredos.
Ponta de agulha na ponta do dedo!
A gota é vermelha, a dor é atroz.
O nó, o embaraço, e cai o retrós.
É sempre assim:
riscos do destino, costuras à mão,
entrelaçam realidade e ilusão.
Mas entra em cena a tesoura, e – Zip!
Pronto!
Um corte nas ideias em contraponto.
Nos entremeios, ainda sou feliz.
Entre cores e contrastes
(Um ponto laçada, um ponto matiz),
atenta ou distraída,
eu sigo bordando a vida.
Imagem: Pexels